Os Presentes da Mediunidade
Se você começar
a ler sobre o tema mediunidade, cedo ou tarde, irá terminar em algum livro ou
artigo de internet no qual essa faculdade está associada ao compromisso
espiritual de trabalho para resgate de algum erro do passado. Os grandes livros
sobre o tema não colocam a mediunidade necessariamente dessa forma, mas as
doutrinas e, porque não dizer as pessoas, atribuem uma carga de
responsabilidade muito pesada a essa faculdade, assustando as pessoas que estão
se descobrindo médiuns ou até mesmo aqueles que estão apenas querendo conhecer
um pouco mais sobre o assunto.
Mediunidade
implica em compromisso espiritual, diga-se de passagem, escolhido pelo próprio
médium e ninguém mais. Mas não como um fardo pesado a ser carregado e sim um
dom que precisa ser usado com sabedoria e, acima de tudo, alegria. Ser médium
implica em ter uma “antena interna” capaz de captar o mundo invisível de acordo
com o “humor” do nosso mundo interior. A realidade é única. Mas se estamos bem
internamente captamos parte da realidade invisível a partir de uma lente mais
otimista. O contrário acontece quando nosso mundo interno está desorganizado.
A minha
Divindade Interior escolheu me dar consciência da minha mediunidade em um
momento de dor e sofrimento interior. Naturalmente, precisei enfrentar todo
tipo de desafio até conseguir entender o que era isso. O meu mundo interior
estava de cabeça para baixo e eu experimentei todo tipo do que podemos chamar
de ataque espiritual. Experimentei ouvir conversas estranhas e gritos noturnos,
ver seres com a aparência intimidadora, sentir cheiros desagradáveis sem razão aparente
e até mesmo sofrer agressões energéticas que parecem físicas pela sensação de
dor no corpo. Foi um momento de muita turbulência em minha “vida interior”, mas
que acelerou o meu aprendizado e me ajudou muito a crescer e ganhar maturidade
espiritual.
Junto com todos
os desafios também vieram as pessoas certas para me ajudar, os livros certos para
ler e os melhores mentores espirituais. Essa experiência me ajudou a
compreender o meu passado de erros e acertos em outras vidas e, acima de tudo,
me ajudou a descobrir o que eu realmente quero nessa vida. Posso dizer que por
esse caminho Deus me ensinou a compreender que o mundo é perfeito da forma como
ele é; e que as nossas revoltas e indignações são tão somente reflexo da nossa
limitada capacidade de compreender a perfeição. Nessa linha de raciocínio, quando
nos deparamos com os desafios da vida, a pergunta certa a fazer é “para que” e
não “por que”.
Hoje já consigo
experimentar a minha mediunidade de forma mais inteligente, cuidando do meu
mundo interno e escolhendo com o que eu quero me sintonizar. Esse é um dom que
não controlamos, mas que nos ajuda a compreender melhor o mundo e as pessoas a
nossa volta. É possível que uma pessoa converse com você por horas e ainda
assim você não consiga compreender nada sobre a vida dela. Por outro lado, é
possível que você simplesmente olhe rapidamente nos olhos de um desconhecido e
seja capaz de compreender/perceber toda a sua vida, suas experiências,
angústias, sentimentos, medos e sonhos. Isso é a mediunidade em ação.
Gostaria de
concluir esse texto, compartilhando um presente que recebi da Divindade a
partir da minha mediunidade.
Apesar de ter a
minha família em São Paulo, fui criado em Brasília. Na infância e na adolescência
tive um bom contato com os familiares durante as viagens de férias da escola.
No entanto, quando a idade adulta chegou, o foco teve que mudar e os estudos e
outras atividades da vida adulta praticamente me afastaram da convivência com a
família de São Paulo.
Com o passar do
tempo a convivência ficou distante e eu não aproveitei os momentos em família e
nem acompanhei a vida desses familiares, suas conquistas, desafios do dia a dia
e até mesmo crescimento dos seus filhos.
Há uns três anos
atrás, um primo da família de São Paulo me convidou para o seu casamento. Em
princípio, tudo normal. No dia do casamento quando encontrei as pessoas percebi
que muita coisa havia mudado: as pessoas envelheceram, crianças cresceram... a
vida mudou e eu percebi que tinha perdido uma parte dessa convivência. A
sensação era de que eu estava no meio de pessoas estranhas.
De repente, uma
música que eu gosto começou a tocar e as crianças começaram a cantar. Aquilo
desbloqueou alguma coisa internamente e a sensação que eu tive foi de
preenchimento, como se eu tivesse participado daquilo diariamente nos últimos
anos da minha vida. Diferente de um déjà
vu, a impressão era que eu vi aquelas crianças crescerem, conhecia seus sonhos
e os desafios que haviam enfrentado nos últimos anos. Esse sentimento foi
crescendo e se estendendo para todas as outras pessoas, inclusive adultos, que
também estavam no mesmo local. De forma objetiva, a sensação é que colocaram
memórias emocionais novas em algum ponto do meu ser que estava vazio. Curti o
casamento não como uma pessoa que veio de fora, mas como uma pessoa que convivia
todos os dias com aquelas pessoas. Na hora de me despedir e voltar para
Brasília, não senti que estava voltando para casa, mas que estava indo embora
de casa. Ao entrar no táxi, rumo ao aeroporto, a sensação toda passou e tudo
voltou ao normal. Compreendi que foi apenas mais um presente que eu recebi da minha Divindade Interior a partir da minha mediunidade.
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